O escritor e jornalista Laurentino Gomes, autor do premiado livro 1808, escreve sobre a importância de se analisar a história do país para desenvolver a Educação
Texto Laurentino Gomes
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Quem
observasse o Brasil em 1821, às vésperas da Independência, teria fortes
razões para duvidar de sua viabilidade como país. Com um imenso
território virgem, escassamente povoado, a antiga colônia portuguesa
tinha pouco mais de quatro milhões de habitantes. Era uma população
analfabeta, pobre e carente de tudo. De cada três brasileiros, um era
escravo. Os ricos eram poucos e ignorantes. Os conflitos regionais
ameaçavam a unidade nacional. A administração pública era lenta,
corrupta e ineficiente. O que mais impressionava era o analfabetismo. Em
1818, ano do primeiro censo populacional do governo do rei D. João VI,
só 2,5% dos homens adultos da cidade de São Paulo sabiam ler e escrever,
o que significa que provavelmente 99% da população brasileira era
analfabeta. 1808: a chegada da Família Real ao Brasil Entre no especial que fizemos em conjunto com Laurentino Gomes e entenda a importância do ano de 1808 para o nosso país. |
O objetivo da história é iluminar o passado para entender o presente e construir o futuro. Uma sociedade inculta, incapaz de estudar e analisar sua história, não consegue entender a si própria. E, nesse caso, não está apta a construir o futuro de forma estruturada. Uma visão de curto prazo, que não leva em conta as lições do passado, conduz a soluções igualmente imediatistas. Nossos problemas têm raízes profundas, que às vezes remontam a duzentos ou trezentos anos atrás. Isso não significa que o Brasil esteja eternamente condenado à corrupção ou a repetir os vícios do passado. Um país pode evoluir e melhorar, mas antes é preciso entender a origem desses problemas. Nesse quadro, investir em educação é absolutamente fundamental. Só uma sociedade culta e bem educada consegue entender a própria história - com seus defeitos e suas virtudes.
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